quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sem cuecas

Olá, meu nome é Everton Ferreira, sou estudante, e a partir de agora vou contar a odisseia que está sendo o ingresso na universidade, ambiente que, para mim, está revolucionando minha vida e está gerando inúmeras histórias ao mesmo tempo bizarras, cômicas, completamente inusitadas.

Semana passada, eu fiz minha primeira visita na minha cidade natal, pois fora feriado de páscoa, e ao tentar contar as histórias das minhas situações em Viçosa percebi que seria frustante, pois eu tinha muita coisa pra contar em pouco tempo. Então me motivei a escrever aqui, no momento que em mais uma passagem, fiquei sem cuecas.

Como? Isso mesmo, fiquei sem cuecas.

Bom, vou elucidar melhor essa história para vocês não fazerem mal juizo de mim, ou entender por outro lado. Enfim, eu como a maioria dos estudantes moro em república, mais especificamente no alojamento da própria universidade. As dificuldades são de grande número, e não passamos dessa etapa da vida sem boas crônicas pra contar, e uma delas surgiu em quanto eu realizava uma tarefa árdua: Lavar roupa.

Bom, como disse eu fui visitar minha família em São Paulo, e levei algumas roupas, antes de ir providenciei algumas coisas para decidir, e inclusive pedi para minha mãe, comprar para mim, algumas cuecas e meias. Pois como você verá nesse blog, os estudantes são uma espécie de pedintes, quais somos obrigados a clamar misericordiamente por ajuda. Por e-mail recebi a notícia que haviam comprado pra mim algumas cuecas do tipo box, que são bastante confortáveis. A notícia me deixou aliviado, pois eu possuia poucas, e isso me aliviaria um bocado entre as escalas de lavagem de roupa.

Fui de excursão com a universidade para economizar algumas dezenas de reais, e o final de semana prolongado foi muito agitado, pois tinha que visitar tanta gente, correr atrás de pessoas que haviam comprado presentes para mim, e de presentear as pessoas que eu havia comprado presentes. Mal deu para curtir a familia, que apesar de preocupada e coruja, me faz passar mal bocados, mas eu relevei acreditei no espírito da páscoa.

Na volta para viçosa a viagem foi cansativa e acabei perdendo o dia, com a preocupação de uma avaliação que aconteceria mais tarde.

E inevitavelmente chegaria a hora inescrupulosa de lavar roupa.

Lá na república, dividimos os dias das pessoas lavarem suas roupas, e o meu numa terça-feira, não podia ser em dia pior, pois agora acumulei muitas tarefas e passo apertado para lavar minhas roupas com tranquilidade. De contra-gosto, acabei por faltar na minha atividade de bolsa que garante minha alimentação no campus, em troca de alguns momentos de trabalhos simples, como de auxilio nos departamentos.

Almocei sofridamente, pois desde cedo preparava meu pâncreas para suportar aquela atividade que eu citei tantas vezes aqui. E chegada a hora, peguei minha roupa suja, separada (diga-se de passagem, não sei porque separo, visto que jogo tudo dentro da máquina de lavar e depois me mato para tirar o sabão) e fui encher a máquina de lavar de água. Colocando as peças de roupas dentro da máquina, me recordei de uma antiga mania de minha mãe de marcar minhas cuecas com um visível T, que muito me constrangia, mas que quando eu morava com meu irmão, que tem um porte físico parecido com o meu, eu entendia, pois as peças de roupa semelhantes poderiam se misturar.

Mas poxa, porque as minhas, porque não marcar as deles, e isso me remoia, e eu, revoltado por ter que lavar minhas roupas, revoltado por ter que inventar boas desculpas para meu monitor de bolsa para a falta, comecei a me revoltar mais ainda, quando me gelei.

Será que minha mãe havia marcado as cuecas novas? Eu não queria mais pensar no assunto, com medo de que ela houvesse marcado. Mas se ela tivesse marcado, como seria? Seria no canto, ou seria bem no meio, como na camisa do Super Man? para meu penis ficar como se fosse o "Super T", e mesmo não querendo acreditar no que eu pudesse sofrer com isso, me arrastando psicológicamente fui até o quarto, peguei as malas ainda não desfeitas e fui olhar as benditas cuecas.

Quando eu ví, eu quis soltar uma bomba no prédio, aquilo me enchia de ódio, um T como nunca havia visto estava estampado em todas minhas cuecas, como se fosse uma marca padrão. Mas porque ela havia marcado, se não lavava mais as roupas com meu irmão, porque ela havia feito isso, e eu me perguntava isso sem parar. E imaginando em situações que eu tivesse que responder perguntas para as garotas enquanto eu me despia "amorzinho, o que é esse T no meio da sua cueca?". Cada vez mais a idéia da bomba me parecia útil, quando foi que me lembrei que não possuia explosivos, nem dinheiro para comprá-los, tão pouco eu sobesse onde os vendiam.

Pensei então atear fogo nas próprias cuecas, mas se o vizinho visse a fumaça e chamasse os bombeiros, como eu iria explicar o motivo de atear fogo contra minhas próprias cuecas, pensei então em eliminar a possibilidade de usar fogo.

E passei por continuar a surrando as outras roupas que deveria lavar, enquanto pensava numa solução para esse horripilante problema, o pior não era ela ter marcado todas as cuecas, e sim da maneira como as marcou, com tinta de pano e pincel, e pensando em outras coisas numa tentativa de aliviar a tensão, lembrei-me das minhas atividades da casa, qual naquele dia eu deveria por o lixo para fora, sem exitar, naquele momento, peguei todas as cuecas, enfiei em sacolas de lixo, as amarrei, e fui por o lixo para fora enquanto a maquina batia minha roupa.

Para a minha sorte, o caminhão de lixo passava naquele momento, e dessa forma eu me livraria daquelas peças de vestuário mais rápido do que eu imaginava, e minha vida de gado marcado, estariam no fim. Nunca atirei uma sacola no caminhão do lixeiro com tanta vontade com que atirei, que alivio, missão cumprida, eu estava livre daquelas cuecas assassinas. ADEUS!

E no fim, agora com as partes íntimas mais livres, agora me conformo aliviado, sabendo que demorará o dia que terei novas cuecas, pois apesar de trabalhar, trabalho pouco e consequentemente recebo pouco também, maneira que me permita sem mais prejuizos comprar uma ou duas cuecas por mês.

Até lá serei um descuecado, um sem cueca, porém feliz. E muito feliz!

Até a próxima história.