segunda-feira, 3 de maio de 2010

Antes do começo

Olá queridos leitores! Depois de algumas manifestações do primeiro texto, que desencadearam mudanças significativas na minha vida, como por exemplo, minha mãe que declarou-me jamais comprar-me cuecas novamente, por exemplo. Tentarei policiar-me para não correr o risco de perder certas regalias, como no exemplo de minha mãe, eu não pretendia deixar de ganhar presentes de primeiro de abril, mas sim que eles não fossem marcados, simplesmente, mas que ainda assim não desejo mudanças determinadas pelo que escrevo nesse espaço. Veja bem leitor, aqui escrevo crônicas, nem tudo que você lerá serão casos fatídicos, e não cabe a mim, descrever quais são condizentes com a realidade e quais não. Mas de toda forma, agradeço todas as críticas que recebi, tanto por aqui, tanto pessoalmente, esses pequenos gestos acabam por me incentivar a continuar esse projeto. Mas ainda assim, peço desculpas prévias se alguém não gostar do que ler aqui.

Bom, vamos deixar de lado um pouco os comentários da postagem anterior e vou me atentar a falar do tema de hoje, que são os acontecimentos antes de minha chegada aqui em Viçosa, a cidade onde eu estudo. Só para fazer um certo “flash back”, eu me chamo Everton, e aqui contarei algumas coisas do cotidiano da vida de um estudante universitário, que abandonou sua familia em sua cidade natal para tentar atribuir-se um futuro mais justo, ou digno, ou confortável, ah, chame-o como quiser.

Antes disso, eu, numa das minhas profissões frustradas, fui bancário por uma certa quantidade de anos, e junto tentei conciliar a administração de uma loja, em ambos obtive uma certa experiência mas nada que contribua relevantemente na decadência nessa passagem profissional, percebi que trabalhar não daria futuro, e que vadear também não(o que é uma pena) mas que estudos sim, pois me concederia o poder da escolha de uma vida diferente. E então, mesmo que tardiamente resolvi retomar meus estudos que estavam estacionados há alguns anos. Confesso que me surpreendi, achando que era fácil, mas não foi, eu tinha conseguido juntar uma certa quantidade de dinheiro, que pretendia me manter estudando.

A volta foi no mês de agosto, qual ingressei num desses cursinhos pré-vestibular para revisar aquilo tinha estudado na escola. O problema reside no fato de minha educação escolar ser oriunda de colégios públicos, que infelizmente a qualidade de ensino, não é exemplo em lugar algum nesse planeta e em outros também. E nisso eu acabei por deparar-me sob um dilema, relembrar o que eu nem poderia lembrar, ou então tentar aproveitar aquele boteco próximo ao cursinho que freqüentavam todas as meninas sapecas recém saídas de suas puberdade.

Problema facilmente resolvido, obviamente resolvi vadear no boteco e levar o estudo como segundo plano. Não preciso ir muito longe ou contar como foram as farras naquele dia, porque em grande maioria delas eu não me lembro mesmo, maldito álcool. Mas pelo menos aprendi algumas piadas nerds, como aquela charada do carbono que foi preso, e o que ele teria dito? “que tinha direito a quatro ligações”. Tampouco preciso dizer-lhes que não obtive sucesso naquele ano.
Mas uma coisa era importante, eu havia feito muitas provas de vestibular, e isso me deu a noção daquilo que seria exigido e o que então eu deveria estudar. Minha sorte é que sempre tive facilidade nos estudos, exceto naquilo que estava dentro do campo das exatas. E pera lá, com três meses de cursinho mal cursados eu havia chegado relativamente longe, e eu sabia que não teria sido sorte, porque as coisas que sabia eu realmente sabia e as que eu não sabia, eu sabia que não sabia (confuso não é?). Portanto eu somente teria que refazer um cursinho no modo intensivo, reforçando aquilo que eu não sabia, estudar poucas horas por dia e thararam eu entraria na desejada universidade.

Ah, só me esqueci de um mero detalhe, lembra-se daquele dinheiro que eu disse que havia guardado? Pois então, eu também não me lembrei, gastei tudo, até o último centavo, com festas, festas e um pouquinho mais de festas. E no final, eu que havia prestado provas para cinco universidades diferentes, só havia passado em três, coincidentemente em nenhuma das minhas duas preferências, uma delas do curso no campo de tecnologia, justamente o que eu queria abandonar como profissão, mas era na minha cidade (São Paulo). Outra já era na área que eu desejava migrar, mas com o campus distante de minha residência. Poxa eu estava querendo mudar para melhor, e enfrentar quatro horas diárias divididas duas à duas somente no trajeto da universidade não me era confortante, o que me levou a considerar a terceira opção daquelas que tinha sido aprovado que era uma universidade federal no interior de Minas Gerais, onde se encontra a famosíssima Universidade Federal de Viçosa (??). Ok, eu relevo o termo “famosíssima” eu só prestei porque o cursinho indicou como uma boa instituição e fácil de passar. Mas o que interessa era que o curso me agradava demais, o curso de Ciências Sociais.

Contando um pouco como foi o teste, que não foi muito confortante pois foi uma das piores provas que eu redigi, que comprovaria o fato de realmente ser fácil de passar. A prova era dividida em dois dias, tristemente nos dias 28 e 29 de dezembro, após o feriado de natal. No dia da primeira prova de vestibular ter ido de ressaca, acolá, francamente, quem foi o cretino que resolveu marcar uma prova numa data dessas? Era segunda-feira e terça-feira pós feriado prolongado!
Mas ainda pior foi o segundo dia de prova, além de ter ido diretamente de uma noitada de jogatina com meus amigos nerds, hum, sim eu sou nerd :(, tive uma crise de rinite espirrando sem parar durante a prova tendo a leve impressão que incomodava meus concorrentes, só tive a certeza disso depois que o fiscal me perguntou se eu queria sair da sala dar um tempo. Coincidentemente havia outra pessoa aparentemente no mesmo estado que eu que, conheci, mesmo que sem querer essa figura exótica, que veria bastante em Viçosa, que é a Brisa, como aqui chamamos carinhosamente a Isabela. Bastando estar morrendo sufocado e de sono naquela prova, ela ainda chutou minha garrafa de água que levava para fazer as provas, e então além de tudo já era minha preciosa agua limpinha vinda de casa.

Foi certamente a pior prova que eu fiz na vida, eu nem conseguia ler as questões com atenção que necessitava, nem muito menos raciocinar no tempo previsto as respostas. Pior ainda foi minha redação que parecia uma coxa de retalhos, não pela gama de argumentos, longe disso mas sim pela quantidade de rabiscos que serviam para desconsiderar certas partes do texto que havia errado. Ainda assim consegui passar no curso escolhido vergonhosamente em quadragésimo terceiro, porém na primeira lista e que não se ofendam os que passaram em chamadas posteriores. Mas que convenhamos, o curso era pouco concorrido, cerca de quatro candidatos por vaga, sinceramente não sei se eu não tivesse passado na primeira chamada eu me sentiria tão digno de ocupar a vaga do curso, não que a dignidade seja uma coisa que seja levada a sério hoje em dia. De fato, percebo que boa parte da minha atual turma são pessoas de geração mais nova que eu e muito deles pensam diferente de mim, mas sinceramente não ligo.
Mas voltando a falar no assunto, havia mais um empecilho: Viçosa estava há mais de doze horas de viagem de minha cidade, eu não conhecia ninguém o suficientemente bem para que me apoiasse de maneira que eu pudesse ter uma certa comodidade para resolver se era aquilo mesmo que me reservava em meus sonhos, nem muito menos teria aquele conforto do dinheiro guardado, visto que não existia mais (malditas farras).

Eu adiava a solução do problema, e com isso os problemas aumentavam. E a situação financeira apertava mais ainda. E depois algumas tentativas falhas de conseguir um dinheirinho fácil de final de ano, resolvi acessar o site da universidade de Viçosa, e um artigo muito vistoso em destaque me encheu meus olhos inocentes de esperança, era como um daqueles anúncios de produtos milagrosos que são vendidos pela tv, dizia algo como “Estudante, você que está com dificuldades financeiras para se manter na universidade, a UFV entende e te ajuda nesse problema”. Isso bastava para mim, estava decidido, mas para ter certeza do que faria ainda assim resolvi mandar um e-mail para a pessoa responsável para perguntar se havia algum tipo de alojamento provisório até eu conseguir me estabelecer na cidade, a resposta foi positiva, e então ficou decidido.

E meio a festas e meios a nerds, consegui vender algumas dezenas de cartas colecionáveis de RPG e vender minha estimada bicicleta, minha companheira (escorreu uma lágrima aqui), consegui juntar um valor relativamente baixo, mas o suficiente para apostar no destino.
Lembrei-me então que havia um amigo que jogava basquete conosco estudava na universidade, o Tuwile, sim, o nome é diferente e segundo ele quer dizer “o inevitável” em alguma língua aleatória, pensei que ele pudesse então me dar uma força apresentando a cidade e me acompanhando nas coisas que eu deveria fazer logo de cara para conseguir o alojamento e etc. E soube também por meu cunhado que um outro amigo em comum que tinha estudado com ele na mesma escola também estava na UFV. Poxa, melhor ainda, o caminho se abria, as coisas se clareavam, mas no fim nenhum dos dois responderam minhas mensagens, mas ainda assim resolvi partir em meios de protestos da familia amigos (alguns apoiaram).

Bom, por hoje chega, sei que essa postagem foi extensa e talvez desinteressante, mas considero ser importante para o entendimento de algumas passagens cômicas que virão a partir do momento que cheguei em Viçosa.

Até amanhã, ou não.

Um comentário:

  1. Ri, descobri coisas que não sabia e ainda me peguei imaginando as cenas... Ótima narração !

    Parabens Pequeno Asteca !

    kkkkkkkk

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